Melbourne (Austrália) – Recém-concluído em Brunswick, o edifício ParkLife, projetado pelo escritório australiano Austin Maynard Architects, conquistou classificação energética de nove estrelas em uma escala de dez, credencial que o coloca como o prédio residencial mais sustentável do país.
Projeto priorizou árvore centenária e acesso público
Ao iniciar o desenho do ParkLife, o escritório decidiu preservar uma seringueira de grande porte apelidada de “Alan”, plantada pelo antigo vizinho do terreno. Para proteger as raízes da árvore, a construção foi recuada dois metros além do limite permitido, solução que reduziu a área edificável mas garantiu sombra, paisagem natural e sensação de “casa na árvore” relatada por moradores mais jovens.
Outra medida foi transformar o térreo em passagem aberta que liga a rua a um parque municipal situado nos fundos do lote. Sem esse corredor, vizinhos precisariam dar a volta em quarteirões ou cruzar becos. Jardins no primeiro andar também se integram ao espaço público, eliminando muros convencionais.
Estrutura “tipo geladeira” dispensa ar-condicionado
O ParkLife abriga 37 apartamentos — cinco deles subsidiados — e dois espaços comerciais. A fachada usa painéis sanduíche isolantes revestidos de aço Colorbond em vez de concreto pré-moldado. Esse sistema, comparado pelos arquitetos ao funcionamento de uma geladeira, reduz perdas térmicas e diminui emissões durante a obra.
Cada unidade conta com ventilação de recuperação de energia (ERV) instalada acima dos banheiros. O equipamento extrai ar viciado, injeta ar externo filtrado e transfere calor e umidade para manter temperatura constante. Nos pátios de luz, nebulizadores utilizam água captada em dias quentes para resfriamento evaporativo, permitindo ventilação cruzada pelas janelas.
Graças às soluções passivas e à vedação eficiente, o edifício opera sem sistemas mecânicos de aquecimento ou refrigeração e não utiliza combustíveis fósseis. Em consonância com essa postura, não há vagas de garagem privativas; apenas estacionamento para bicicletas e veículos compartilhados.
Imagem: Tom Ross
Áreas comuns incentivam convivência
Portas de entrada dos apartamentos se abrem para varandas externas amplas e iluminadas. Os moradores dividem lavanderia na cobertura, horta, varanda com churrasqueira elétrica e um anfiteatro com vista para o bairro e para o parque. Segundo residentes, esses espaços tornaram o ParkLife o edifício “mais animado” do conjunto The Village — primeiro complexo carbono zero da Austrália.
Interiores simples e personalizáveis
Dentro das unidades, a paleta intencionalmente contida inclui piso de madeira, paredes e armários brancos, teto de concreto aparente e ladrilhos de terrazzo nos banheiros. A quantidade e a posição das janelas foram calculadas para otimizar a eficiência térmica. A proposta, explica o Austin Maynard Architects, foi oferecer base neutra para que cada morador personalize o espaço sem comprometer o desempenho energético.
Combinando preservação ambiental, uso comunitário do solo e baixo consumo de energia, o ParkLife reforça a meta de The Village de se manter como bairro neutro em carbono e exemplifica um modelo de moradia acessível e de alto desempenho ambiental na Austrália.
Com informações de Casa Vogue
