Mirassol (SP) – Em sua primeira participação na Série A, o Mirassol ocupa as primeiras posições do Campeonato Brasileiro de 2025 e promete pagar R$ 7,5 milhões de prêmio ao elenco caso conquiste vaga na Libertadores. O desempenho inusitado do clube do interior paulista traz à tona outras trajetórias de equipes de menor orçamento que, em diferentes épocas, mudaram o roteiro previsto do futebol nacional.
Primeiros a contrariar a lógica
Em 1985, Bangu e Brasil de Pelotas dividiram o protagonismo. O time de Moça Bonita, fortalecido pelo apoio financeiro de Castor de Andrade, eliminou adversários de peso e só foi superado pelo Coritiba na final, decidida nos pênaltis. No mesmo torneio, o Xavante bateu o Flamengo de Zico por 2 a 0 em Pelotas e terminou em terceiro lugar.
No ano seguinte, o América-RJ avançou até a semifinal do Brasileirão de 1986 depois de passar por Corinthians e Grêmio. A campanha terminou diante do São Paulo de Careca, mas rendeu respeito nacional ao clube carioca.
Força longe das capitais
Clubes do interior já se faziam notar antes mesmo da era dos pontos corridos. Em 1977, o Londrina encerrou o campeonato entre os quatro primeiros após enfrentar Flamengo, Vasco e Santos, enquanto o Operário-MS alcançou o terceiro lugar ao vencer o Palmeiras e empatar com o Botafogo no Maracanã.
Outros exemplos marcaram época: o Náutico foi finalista da Taça Brasil de 1967; o Bragantino comandado por Carlos Alberto Parreira ficou com o vice nacional em 1991; a Portuguesa quase ergueu a taça em 1996; e o São Caetano assombrou o país na Copa João Havelange de 2000.
Títulos improváveis na virada do século
Entre 2000 e 2010, dois clubes do interior paulista ergueram a Copa do Brasil. O Santo André superou o Flamengo no Maracanã e conquistou o troféu em 2004. No ano seguinte, foi a vez de o Paulista de Jundiaí derrotar o Fluminense na decisão e garantir participação inédita na Libertadores. O Ituano ainda confirmou a força do interior ao levantar o Campeonato Paulista em 2002 e 2014.
Gestão como trunfo
Projetos bem estruturados reforçaram a presença interiorana. O Bragantino voltou aos holofotes ao vencer a Série B de 2019 dentro de um modelo empresarial. O Oeste, partindo das divisões inferiores, alcançou a Série B e demonstrou que planejamento compensa a diferença de receitas.
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Interior também no Sul e Centro-Oeste
No Sul, o Juventude levantou a Copa do Brasil de 1999, e o Criciúma fez o mesmo em 1991. Pelo Centro-Oeste, o Goiás acumulou participações internacionais, enquanto Operário de Ponta Grossa e Vila Nova representaram a região em fases distintas.
Desafios na era dos pontos corridos
A partir de 2003, com maior equilíbrio financeiro entre os grandes clubes, a margem para surpresas diminuiu. Ainda assim, Coritiba (2003), Goiás (2005) e Paraná (2006) conquistaram vagas na Libertadores. Avaí, em 2009, terminou o campeonato em sexto, e o Figueirense ficou a dois pontos do G-4 em 2011. No Nordeste, Vitória em 2013 e Sport em 2015 ficaram entre os seis melhores. Mais recentemente, Fortaleza e América-MG asseguraram lugar na Libertadores de 2021.
Mirassol escreve novo capítulo
O Mirassol, fundado no noroeste paulista, segue a tradição dos chamados azarões ao combinar gestão estável, elenco competitivo e metas financeiras claras. Cada vitória em 2025 reforça o histórico de times que provam, temporada após temporada, que orçamento não é sinônimo obrigatório de sucesso no Campeonato Brasileiro.
Com informações de Portal LeoDias
