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Mercado de cabanas de luxo cresce com foco em isolamento, conforto e sustentabilidade

O segmento de cabanas de luxo em meio à natureza ganhou força no Brasil desde a pandemia de Covid-19, impulsionado pela procura por isolamento e conforto fora dos centros urbanos. Plataformas de hospedagem detectaram o aumento desse interesse: pesquisa global do Airbnb realizada em abril, em nove países, mostra que 39% dos entrevistados buscam “escapismo” nas férias, enquanto levantamento da Booking.com de janeiro indica que 19% dos viajantes brasileiros desejam se hospedar em chalés em 2025. No mesmo estudo, um terço dos turistas nacionais considera acomodações de luxo e 98% pretende viajar de forma mais sustentável neste ano.

Arquitetura padronizada e questionamentos

Ao navegar por aplicativos de aluguel de temporada, é comum encontrar chalés no estilo A-frame — referência alpina caracterizada por telhado em forma de “A” e grandes painéis de vidro. O arquiteto e designer Marko Brajovic, incluído no Casa Vogue 50, classifica o modelo como “produto genérico importado” e defende projetos leves que se integrem ao ambiente natural. Para ele, a busca por luxo pode contrariar a ideia original de cabana como abrigo essencial de reconexão com a natureza.

Hospedagem com serviços de hotel

A Nomad Place, comandada por Halmer Marques, mantém 12 chalés em Cunha e São Bento do Sapucaí (SP). Com 15 funcionários e um galpão de apoio, a empresa atende principalmente casais jovens em comemorações especiais — público que solicita banheiros amplos, enxoval premium e cenários “instagramáveis”.

Projetos em escala

A arquiteta Naindry Rodrigues, de Florianópolis, já assinou mais de 450 obras desde 2020, 80% voltadas a investidores interessados no Airbnb. Só em Urubici (SC) são mais de 60 cabanas. Alguns proprietários relatam faturamento de até R$ 50 mil por unidade em um único mês. Para acelerar entregas, Naindry oferece modelos prontos produzidos em sistemas steel frame, wood frame e CLT, concluídos em até três meses.

Em Caxias do Sul (RS), o arquiteto Saymon Dall Alba soma mais de 50 projetos construídos do Ceará à Serra Gaúcha. Ele destaca a necessidade de cada obra ser única e afirma que itens como cama, enxoval e chuveiro de alto padrão são obrigatórios para justificar a diária.

Experiências off-grid e glamping

O empresário Facundo Guerra, fundador do Altar, opera cinco cabanas off-grid no interior paulista desde 2019. O foco é oferecer privacidade completa e pausa no uso de telas, proposta que ganhou força com o termo “glamping” — camping com glamour.

No Horto Florestal de Campos do Jordão (SP), o Aventoriba Lodge reformou construções quase centenárias que pertenceram a funcionários do parque. As unidades recebem famílias, casais e esportistas, com atividades sugeridas por concierge, como trilhas e passeios a cavalo.

Para quem busca isolamento total, a fazenda Lano-Alto, em São Luiz do Paraitinga (SP), mantém duas cabanas de madeira sem energia elétrica e sem sinal de internet, acessíveis por trilha. A hospedagem inclui produtos artesanais feitos na propriedade, como queijos e iogurtes de leite cru.

Métodos construtivos industrializados

Sistemas pré-fabricados predominam nas novas cabanas rurais, reduzindo tempo de obra e desperdício. O escritório MM18, de Marcos Paulo Caldeira e Mila Strauss, desenvolveu o projeto da Capsu, empresa de Diogo Roberte (cofundador do PicPay) que comercializa casas modulares de madeira engenheirada já equipadas. Oito unidades estão prontas, e outras 40 devem ser entregues nos próximos meses.

Com a combinação de demanda crescente, industrialização da construção e interesse por experiências sustentáveis, o mercado de cabanas de luxo segue em expansão no país, oferecendo desde estruturas off-grid até modelos totalmente equipados para aluguel de temporada.

Com informações de Casa Vogue

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