Rio de Janeiro – O futebol brasileiro convive com uma escalada de problemas físicos. Levantamento do Transfermarkt mostra que, na Série A de 2024, 17% dos atletas sofreram lesões que exigiram afastamento superior a duas semanas.
O índice se aproxima dos números divulgados pela UEFA nas cinco grandes ligas europeias, porém, no Brasil, as contusões se concentram nos períodos em que o calendário fica mais apertado.
Calendário lotado amplia risco
Enquanto equipes europeias disputam até 60 partidas por temporada, clubes brasileiros que encaram estaduais, Brasileirão e competições continentais frequentemente ultrapassam 70 ou 80 jogos. Um estudo histórico apontou média de 69 compromissos anuais para times de referência no país.
Viagens longas, mudanças de fuso horário e gramados irregulares potencializam o desgaste. Com menos tempo para recuperação, aumenta a incidência de distensões musculares nas coxas e lesões no tornozelo, principais causas de afastamentos prolongados.
Clubes mais afetados
Em 2024, Flamengo, Palmeiras e São Paulo lideraram o ranking de baixas duradouras, acumulando mais de 150 dias de desfalque cada um por problemas musculares e articulares.
Custo estimado
Somando salários, despesas médicas e perda de desempenho, o prejuízo médio por clube pode superar R$ 5 milhões por temporada, patamar próximo ao observado em ligas europeias, onde a temporada 2023-24 registrou mais de 4.000 lesões e custo estimado de € 732 milhões.
Dados da CBF e de estudos acadêmicos
A Comissão Médica da CBF acompanha o tema desde 2016. No relatório mais recente, referente a 1.100 jogos da Série A, foram contabilizados 944 atendimentos médicos. Estudos apontam:
Imagem: Internet
- Incidência de 7,66 lesões musculares a cada 1.000 horas de jogo (2016-2018);
- No Brasileirão 2019, 37,7% das contusões foram distensões musculares, 19,1% contusões traumáticas e 15,6% entorses;
- Predominância de 86,9% das lesões nos membros inferiores: 38% nas coxas, 15,2% nos joelhos e 9,8% em quadril/virilha.
No futebol feminino de elite, a taxa chega a 5 lesões a cada 1.000 horas de exposição, com 4,2 ocorrências súbitas no mesmo recorte.
Mudanças no calendário
A Confederação Brasileira de Futebol antecipou o encerramento do Brasileirão e ajustou as datas da Copa do Brasil a partir de 2025 para aliviar a sobrecarga. Dados preliminares indicam leve melhora na gestão de carga e recuperação, mas a frequência de contusões segue elevada em clássicos e fases decisivas.
Especialistas em medicina esportiva defendem que a reformulação do calendário precisa vir acompanhada de protocolos rigorosos de prevenção e monitoramento individualizado para reduzir o número de afastamentos.
Em média, um atleta lesionado perde 20% da temporada. Em casos extremos, o período sem atuar chega a três meses, comprometendo campanhas e planejamento de elenco.
Com informações de Portal LeoDias
