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Artista Fernanda Valadares cria obras em encáustica em ateliê instalado nas montanhas de Cunha

São Paulo – A artista plástica Fernanda Valadares, paulistana que viveu dez anos em Porto Alegre e concluiu mestrado em Poéticas Visuais no Instituto de Artes da UFRGS, transferiu-se em 2019 para uma fazenda de 40 alqueires (cerca de 970 mil m²) em Cunha, interior de São Paulo. No local, cercado pelas serras da Bocaina, do Mar e do Quebra-Cangalha, ela mantém o ateliê onde produz pinturas com a técnica milenar da encáustica.

Valadares conta que a mudança para o campo foi motivada pela necessidade de tempo e contemplação. “Na cidade, o tempo nos é roubado a todo momento”, afirma. O ritmo de trabalho, porém, segue disciplinado: de segunda a sexta, das 8h às 17h, dedica-se a obras que unem cera e madeira e abordam temas como duração e permanência.

Série investiga ilhas prisionais

Entre os projetos atuais está a série Isolamentos, que retrata perfis de ilhas prisionais como Anchieta (Brasil), Alcatraz (Estados Unidos) e Patmos (Grécia). A pesquisa dialoga com questões de confinamento, memória e liberdade, recorrentes na produção da artista, conhecida por representar formações rochosas de diferentes dimensões.

Processo artesanal

No estúdio, a matéria-prima descansa ao sol antes de ser usada. São cubos de cera de carnaúba, cera de abelhas silvestres e resina dâmar adquiridos de pequenos produtores do Nordeste. Depois de derretidos em potes aquecidos, os pigmentos são aplicados sobre compensado previamente desenhado e pintado com tinta acrílica. Entre dez e 20 camadas de cera fundida podem compor cada pintura, que leva até um mês para ser concluída. “Como uso um elemento vivo, os trabalhos demoram um ano para se acomodarem, até que a cera cristalize”, explica.

Ateliê de contêineres

O primeiro espaço de produção de Valadares em Cunha foi uma cabana de madeira de 36 m², hoje destinada a desenhos e experimentações, como destilações de ervas. O ateliê principal, projetado pelo marido, o arquiteto e professor Marco Peres, foi construído a partir de dois contêineres metálicos que ladeiam um corredor escavado entre eles. Com 130 m² e pé-direito de 5 m, o ambiente é ventilado e iluminado por luz natural.

Residência minimalista

Além do estúdio, Peres assinou a residência do casal e dois chalés oferecidos para temporada. A casa, de 150 m², possui duas suítes, living integrado à cozinha e varanda sem guarda-corpo com vista para as montanhas. Segundo o arquiteto, o projeto priorizou o mínimo de descarte e interferência no entorno.

A relação de Fernanda Valadares com a encáustica começou nos anos 1990, ainda na graduação na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, durante uma aula do pintor Paulo Pasta. Após uma primeira experiência frustrada com parafina, ela retomou a técnica em Porto Alegre, ao participar de um curso ministrado por um frei beneditino. Hoje, a artista combina maçarico e ferro de passar para alcançar texturas ou superfícies lisas em suas composições.

Se no ateliê paredes e piso de cimento queimado abrigam obras concluídas e em processo, a residência quase não exibe trabalhos da artista, que prefere reservar o lar para a contemplação da paisagem que, segundo ela, estimula diariamente a criação.

Com informações de Casa Vogue

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