Buenos Aires – 1º de setembro de 2025. O presidente argentino Javier Milei enfrenta a fase mais conturbada de seu mandato após o surgimento de denúncias de corrupção contra sua irmã, confrontos de rua e novas suspeitas sobre a atuação dos serviços de inteligência.
Propina em contratos de medicamentos
Áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da agência que administra programas para pessoas com deficiência e ex-advogado de Karina Milei, apontam que a irmã do presidente teria exigido 3% de propina em contratos de fornecimento de medicamentos. As gravações foram divulgadas na semana passada e levaram ao afastamento de Spagnuolo, a buscas judiciais em imóveis e à apreensão de dinheiro em espécie. Um juiz federal conduz o inquérito.
Nesta segunda-feira (1º), o porta-voz presidencial Manuel Adorni informou que o governo apresentou queixa-crime, alegando tentativa de desestabilização em plena campanha eleitoral.
Pedras contra a caravana presidencial
Em 27 de agosto, durante comício na capital, manifestantes arremessaram objetos — entre eles pedras — contra o carro que transportava Milei. O presidente foi retirado do local às pressas, enquanto apoiadores e opositores entraram em confronto. Milei culpou setores kirchneristas pelo ataque, acirrando o clima político.
Mercado reage com nervosismo
A instabilidade política refletiu-se nos indicadores econômicos. O Banco Central aumentou o compulsório bancário em 3,5 pontos percentuais, a terceira elevação em poucas semanas. O risco-país voltou a patamares vistos em abril e a bolsa registrou queda.
Denúncia de espionagem
Reportagem do jornal britânico The Times revelou que a SIDE, reativada por Milei, teria monitorado opositores, líderes sindicais e organizações civis. A possibilidade de retomar práticas associadas à ditadura militar gerou críticas de entidades de direitos humanos.

Imagem: Internet
Liberdade de imprensa em queda
A ONG Repórteres Sem Fronteiras afirma que o governo desestruturou veículos públicos, atacou jornalistas e fomentou hostilidade contra a imprensa, o que provocou forte recuo da Argentina no ranking global de liberdade de imprensa.
Antecedentes: o caso $LIBRA
Em fevereiro, Milei promoveu a criptomoeda $LIBRA, que primeiro valorizou e depois despencou, causando prejuízos a investidores. Batizado de Cryptogate, o episódio originou pedidos de impeachment e ações judiciais. O presidente declarou ter agido de boa-fé.
Com eleições legislativas marcadas para outubro, a sequência de escândalos, tensões sociais e incertezas econômicas coloca à prova a governabilidade e o capital político de Javier Milei.
Com informações de Portal Leo Dias