Charles Eames, então com 25 anos, deixou St. Louis (Missouri) em 1933, no auge da Grande Depressão, para uma jornada de autodescoberta no México. Com apenas 75 centavos, um carro Ford antigo, esposa e filha pequenas deixadas para trás, o designer buscava novos rumos pessoais e profissionais.
Sobrevivência e aprendizado no norte mexicano
Durante dez meses, Eames instalou-se principalmente em Monterrey e San Luis Potosí. Sem falar espanhol e quase sem recursos, trocava aquarelas e pinturas a óleo por comida e hospedagem. As obras retratavam cenas cotidianas, igrejas e paisagens locais.
A experiência revelou-lhe comunidades materialmente pobres, porém culturalmente ricas. O espírito colaborativo e a alegria presentes nas festas e no trabalho coletivo mostraram a Eames que o valor estava menos na posse de bens e mais na capacidade de resolver problemas de forma inventiva.
Retorno aos Estados Unidos e mudança de postura
De volta a St. Louis, o futuro parceiro de Ray Eames levou seus quadros – alguns depois exibidos com sucesso – e uma decisão: só aceitaria projetos que lhe proporcionassem aprendizado e prazer, independentemente do ganho financeiro imediato.
A vivência mexicana influenciou a filosofia que guiaria toda a sua produção: oferecer “o melhor produto, para o maior número de pessoas, ao menor custo”. Essa perspectiva humanista permeou desde os móveis em madeira compensada moldada até filmes e exposições assinados pelos Eames nas décadas seguintes.
Imagem: Divulgação
Sem obras construídas, mas com legado duradouro
Não há registros de edifícios projetados por Eames no México. A viagem foi dedicada à exploração artística e cultural, sem contratos de arquitetura. O legado do casal no país manifesta-se hoje na ampla presença de cadeiras, mesas e poltronas criadas pelo estúdio, produzidas pela Herman Miller, como a Eames Lounge Chair e a linha Aluminum Group.
Perfil resumido
Nascido em 1907, Charles Eames cursou arquitetura na Washington University de St. Louis por dois anos antes de trabalhar em escritórios da cidade. Em 1940 venceu um concurso de design e tornou-se chefe do departamento de design industrial da Cranbrook Academy of Art. Ao lado da esposa Ray, assinou clássicos do século XX, incluindo a Eames Aluminum Management Chair e a Eames House, residência pós-guerra considerada referência mundial.
Com informações de Casa Vogue
