Recife (PE) – Adquirida em 1959 com os direitos autorais de “O Auto da Compadecida” (1955), a residência de Ariano (1927-2014) e Zélia Suassuna se transformou em ponto de encontro de intelectuais, artistas e familiares ao longo de mais de seis décadas.
Origem e significado
O imóvel, batizado pelo escritor de Ilumiara Coroada, foi considerado por ele parte integrante de sua obra. Jardins, salas e fachadas abrigam referências ao Movimento Armorial, iniciado por Ariano na década de 1970, e a elementos da cultura popular nordestina.
Intervenções artísticas
No pórtico que antecede a cozinha, um afresco criado pelo próprio Suassuna homenageia “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, com cerâmicas de Francisco Brennand. O artista pernambucano também foi responsável pelo revestimento cerâmico que substituiu, a pedido do escritor, os azulejos originais da segunda metade do século 19.
A fachada principal recebeu dois padrões: um embasamento com pequenas cruzes deformadas e, acima, peças que lembram girândolas de festas populares. Na lateral, quatro murais de Ariano e do filho Miguel Dantas Suassuna remetem à arte rupestre do Parque Nacional do Catimbau (PE).
Interior e mobiliário
O living mantém o piso de ladrilho hidráulico original e reúne móveis de madeira e couro do sertão, além de telas assinadas por Ariano e pelo filho Manuel Dantas Suassuna. Na sala de jantar, um painel de Brennand dedicado a Zélia divide espaço com esculturas populares e cabeças de terracota esculpidas por Manuel.
Jardim como cenário
Logo na entrada externa, nichos de alvenaria exibem um conjunto de terracota criado por Zélia em homenagem à Compadecida, peça que possibilitou a compra da casa. Painéis de mosaico desenhados por Ariano e executados pelo genro Guilherme da Fonte identificam o local.

Imagem: Cristiano Mascaro
Preservação do espírito original
Pouco alterada desde a década de 1960, a residência preserva móveis de jacarandá, objetos herdados e garimpos que compõem um autêntico cabinet des curiosités. Zélia, parceira artística do escritor, aparece retratada em diversas obras de Brennand espalhadas pelas paredes.
Ao longo dos anos, o imóvel recebeu músicos, bailarinos, escritores e outros nomes da cultura brasileira, consolidando-se como espaço de criação e convivência familiar que permanece aberto a novas gerações.
Com informações de Casa Vogue