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Brasil encara desafios logísticos para sediar a COP30 e reforçar meta de neutralidade climática

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) está marcada para novembro de 2025, em Belém (PA), com expectativa de reunir mais de 50 mil participantes entre chefes de Estado, negociadores e ativistas. A escolha da capital paraense coloca a Amazônia no centro das negociações internacionais, mas levanta dúvidas sobre a capacidade do Brasil de oferecer infraestrutura compatível com o porte do encontro.

Três pilares para a cúpula

O economista ambiental Alessandro Azzoni avalia que a edição brasileira terá caráter único, sustentado por três fatores: a influência do país na pauta climática global; a meta de reduzir de 59% a 67% das emissões até 2035 e alcançar neutralidade de carbono em 2050; e a atração de investimentos e tecnologias sustentáveis para a Amazônia.

Metas alinhadas ao Acordo de Paris

Azzoni destaca a NDC brasileira, que formaliza os cortes de emissões e projeta a neutralidade climática até 2050. Segundo ele, o sucesso depende de inovação, tecnologia limpa e instrumentos de mercado, incluindo o fortalecimento do comércio de créditos de carbono.

O especialista lembra que o país já aprovou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), previsto para entrar em vigor em 2027, além de incentivos tributários que desestimulam produtos poluentes. Ele defende ainda uma coalizão entre Brasil, União Europeia e China, sob supervisão da ONU, para garantir integridade e evitar greenwashing.

Apesar dos avanços, Azzoni alerta que a recente flexibilização da lei de licenciamento ambiental pode gerar insegurança jurídica. Para ele, a possibilidade de autodeclaração para empreendimentos de médio impacto contraria o princípio de não retrocesso ambiental previsto na Constituição e pode ser contestada no Supremo Tribunal Federal.

Hospedagem encarece e ONU fala em “crise de acessibilidade”

O alto custo de hotéis e imóveis chamou a atenção. Diárias chegam a US$ 700 em hotéis e a US$ 9.300 em alguns imóveis anunciados por aplicativos, levando a ONU a classificar a situação como crise de acessibilidade. Vinte e cinco países solicitaram a transferência da conferência para outra cidade, proposta rejeitada pelo governo brasileiro.

Para mitigar o problema, o Brasil planeja usar navios de cruzeiro com 6 mil leitos, hotéis modulares e escolas adaptadas. O Itamaraty também negocia opções subsidiadas entre US$ 100 e 600 para delegações vulneráveis.

Infraestrutura e participação social

Azzoni aponta que a logística de Belém é outro obstáculo, envolvendo desde capacidade de acomodação até custos de alimentação para delegações de países em desenvolvimento. Ele reforça a necessidade de incluir comunidades tradicionais, quilombolas e jovens mulheres no processo preparatório, garantindo que a presença dessas populações vá além dos benefícios econômicos.

Organizadores afirmam não ter “plano B” e mantêm a meta de fazer da conferência um marco para posicionar o Brasil como líder climático global, apesar dos desafios de infraestrutura e governança ambiental.

Com informações de Portal LeoDias

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