A tradicional estampa de bolinhas, também conhecida como poá, reapareceu com força no universo da moda e do design de interiores. Grifes como Jacquemus e Moschino levaram o padrão para as passarelas recentes, despertando novo interesse pelo motivo que, em seguida, migrou para ambientes domésticos, hotéis e espaços comerciais.
Da alta-costura às paredes de casa
No Brasil, o Studio Leandro Neves aplicou um papel de parede preto e branco em poá em um quarto assinado para mostrar como o recurso pode atualizar a decoração sem recorrer a cores vibrantes. A proposta segue a tendência internacional de incorporar a padronagem em escala maior e com contrastes marcantes.
Versatilidade confirmada por designers
A designer norte-americana Mary Kathryn Wells, conhecida por utilizar bolinhas em projetos sofisticados, destaca a capacidade do padrão de equilibrar elementos clássicos e contemporâneos. Em um hall de entrada, Wells convidou o artista Myles Maillie para pintar pontos orgânicos diretamente na parede, criando um clima lúdico logo na chegada da residência.
Outro exemplo da profissional envolveu o papel de parede da linha Chasing Paper + New Hat. Nele, aquarelas ampliadas de crianças foram penduradas sobre o fundo pontilhado, formando camadas visuais sem competir com a estampa.
Recurso para resolver desafios arquitetônicos
Nos Estados Unidos, o designer Charles Krewson recorreu a um mural de poá para ocultar imperfeições estruturais em um apartamento dos anos 1920. Segundo ele, padrões gráficos ousados desviam o olhar de elementos indesejados e, ao mesmo tempo, atualizam a atmosfera de imóveis antigos.
Efeito sofisticado e contemporâneo
Chloe Vince, consultora sênior da House of Hackney, afirma que o poá assume um tom maduro quando aplicado em paletas discretas. A marca lançou o papel de parede Phantasia Taupe, criado em parceria com a dupla californiana Pierce & Ward, que mescla pontos discretos a ilustrações de criaturas míticas, nuvens e cogumelos.

Imagem: Divulgação
Escala e cor definem o impacto
Para a especialista britânica Victoria Robinson, da empresa de persianas Hillarys, bolinhas grandes geram impacto em ambientes minimalistas, enquanto versões menores oferecem textura sutil. Robinson recomenda tons neutros ou paletas monocromáticas para manter a estampa como foco visual. Já a designer Chloe Willis, do estúdio Sibyl Colefax & John Fowler, prefere pontos irregulares para reforçar o aspecto artesanal.
Experimentos além do papel de parede
O estúdio londrino Seen Studios levou a tendência a instalações temporárias. Em Berlim, durante evento da Zalando em parceria com a Nike, espelhos côncavos foram usados em um corredor de banheiros para criar a ilusão de bolinhas luminosas, demonstrando o potencial do padrão em experiências imersivas.
Profissionais do setor atribuem o retorno do poá ao movimento cíclico da moda e do design. O padrão, presente na história desde a Idade Média e popularizado nos anos 1960, agora ressurge em versões maiores, irregulares e combinadas a materiais variados, consolidando-se como opção para quem busca adicionar personalidade e dinamismo a roupas e interiores.
Com informações de Casa Vogue