Kathmandu, 12 de setembro de 2025 — O bloqueio de dezenas de plataformas de redes sociais, imposto pelo governo nepaleso no início do mês, desencadeou uma série de protestos liderados por jovens que resultaram na queda do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli. Desde segunda-feira (8/9), manifestações se espalharam por Kathmandu e outras cidades, deixando ao menos 34 mortos — número que pode chegar a 51, segundo relatórios ministeriais — e mais de mil feridos.
Como o levante começou
A decisão do Executivo de exigir registro ou suspender o acesso a aplicativos como WhatsApp, Instagram e Facebook coincidiu com denúncias online de nepotismo e corrupção entre as elites políticas. A reação foi imediata: milhares de jovens, em especial da geração Z, ocuparam as ruas em atos que começaram pacíficos, mas evoluíram para confrontos violentos com as forças de segurança.
Escalada da violência
Polícia e Exército recorreram a gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição real para dispersar a multidão. Prédios governamentais foram incendiados, inclusive o principal centro administrativo da capital. Houve fuga em massa de presos e destruição de instalações públicas.
O episódio mais grave ocorreu quando a empresária Rajyalaxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, foi queimada viva durante ataque de manifestantes, conforme noticiado pelo portal local Khabar Hub. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o resgate do corpo em meio às chamas.
Balanço de vítimas
Agências internacionais inicialmente apontaram 19 mortes. Autoridades nacionais depois revisaram os dados para 34 a 51 vítimas fatais e mais de mil feridos. Hospitais de Kathmandu e de cidades do interior estão lotados, principalmente com pacientes atingidos por tiros.
Queda do governo e transição
Pressionado pelos acontecimentos, K.P. Sharma Oli renunciou. Em negociação com líderes políticos e representantes dos manifestantes, foi nomeada chefe interina de governo a ex-juíza Sushila Karki, que tomou posse nesta sexta-feira (12/9), tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo no país. A missão de Karki é formar um gabinete de transição, apurar denúncias de corrupção e investigar abusos cometidos durante os protestos.

Imagem: Internet
Situação atual
Segundo a agência Reuters, tropas do Exército e da polícia reforçam a segurança em pontos estratégicos, enquanto toques de recolher limitam a circulação em determinadas regiões. Incêndios em repartições públicas dificultam o atendimento administrativo, e hospitais operam no limite da capacidade.
Nos próximos dias, o Nepal enfrenta o desafio de estabilizar o cenário político, recapturar fugitivos, restabelecer serviços essenciais e conduzir investigações transparentes sobre as mortes registradas durante a onda de protestos.
Com informações de Portal LeoDias